Sequestro de dados: como evitar um ataque de ransomware

Vírus que bloqueia acesso de usuários ao sistema da empresa exige pagamento de resgate

Segundo dados da pesquisa Smart Protection Network, da Trend Micro, o Brasil é o segundo colocado em número de ataques mundiais de ransomware, vírus que impede os usuários de acessarem o sistema interno da empresa. Ainda mais alarmante é o dado de que 51% das empresas brasileiras sofreram com esse tipo de ataque em 2018.

A terminologia ransomware é originada do idioma inglês (ransom + malware), onde ransom significa resgate e malware é um malicious software (software malicioso). Em suma, o delito trata-se de uma ameaça de publicação de informações obtidas por meio do sequestro de dados da vítima ou de bloqueio permanente de acesso a elas. A não ser que um valor (resgate) seja pago em troca, a recuperação dos arquivos é um problema praticamente irreversível, visto que a vítima não terá uma chave de decodificação.

Um estudo apresentado pela Leadcom apontou que, em média, um ataque cibernético como esse leva 197 dias para ser identificado e outros 69 dias para ser contido, demonstrando a dificuldade no diagnóstico e na recuperação das informações atacadas.

Segundo Rafael Reis, advogado especialista em Direito Digital, Proteção de Dados e Privacidade no escritório Becker Direito Empresarial, os problemas relacionados ao vazamento e sequestro de dados acontecem por um conjunto de fatores, ligados principalmente à falta de ferramentas de segurança na rede e a ausência de treinamento dos usuários para identificar os perigos. “Existem muitas maneiras de um ransomware infectar computadores e sistemas. Uma das mais comuns é o spam malicioso, um e-mail não solicitado usado para entregar o vírus”.

A melhor forma de não cair em armadilhas como essas é a prevenção. Rafael é enfático ao dizer que, em nenhuma hipótese, recomenda-se pagar a quantia solicitada pelos sequestradores para que o acesso seja restabelecido, sob pena de incentivar a referida prática. “O ideal é investir em segurança da informação, sistemas antivírus, programa de proteção de dados, treinamentos das equipes para reconhecer potenciais arquivos maliciosos e em criação de backups para recuperação dos dados, caso eles sejam afetados, principalmente em servidores em nuvem, que replicam as informações em servidores diferentes e espalhados, facilitando a recuperação posterior de arquivos infectados”, aconselha.

Ainda segundo a pesquisa, o Brasil também aparece entre os 15 países com o maior número de vítimas de URLs não seguras, com 12 milhões de pessoas registradas. São 55 mil aplicativos maliciosos desenvolvidos por brasileiros e 40 milhões de malwares detectados. Rafael aborda que “a manutenção de aplicativos atualizados também é uma solução que auxilia o impedimento de entrada de vírus nas brechas de segurança criadas com a desatualização de alguns apps”.

A reação raramente tem sucesso em um ataque de ransomware, já que os procedimentos de descriptografação são praticamente impossíveis e, às vezes, até o pagamento de um resgate para recuperação dos arquivos pode não ser eficiente. Atualmente, em uma sociedade baseada no tratamento de dados e afetada por diversas doenças cibernéticas, a prevenção é a melhor vacina.

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